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Cemitérios

No século XVIII e boa parte do século XIX quando alguém morria, era só procurar um lugar e enterrar. Geralmente as igrejas possuíam cemitérios cristãos com regras próprias onde, por exemplo, excomungados e "não cristãos" não eram ali enterrados.

Nos cemitérios simonenses quase não se vê túmulos de escravos o que é de se estranhar mesmo porque esta era a região de São Paulo onde mais tinha escravos no século XIX. Em 1.875 São Simão tinha "oficialmente" 3.507 habitantes sendo 777 escravos. "Oficiosamente" sabe-se que a cifra de escravos era pelo menos quatro vezes maior porque qualquer fazenda da zona rural os tinham às centenas e quando os mesmos morriam eram sepultados em algum canto menos nobre na própria fazenda mesmo porque seus senhores jamais iriam admitir um escravo enterrado nos cemitérios da vila, cemitérios estes que têm vários túmulos de "coronéis" sendo que um mísero escravo ali não deveria dividir a terra com o patrão. A igualdade jamais aconteceria, mesmo depois de mortos!

Assim sendo, a história dos cemitérios simonenses é a história dos cemitérios de "brancos" ( fossem ricos ou pobres ) e não de negros ( o que é uma triste mancha na história de nossa terra, mancha esta que não deve ser escondida dos livros para que todos saibam o que aqui ocorreu no passado )!

CEMITÉRIO DO LARGO DA MATRIZ VELHA

As pessoas que morriam na vila de São Simão eram enterradas em dois lugares: ou no cemitério ou na antiga Igreja Matriz, que também servia para reuniões da Câmara e do Tribunal do Júri.

O primeiro cemitério ficava no largo da antiga igreja exatamente onde é hoje a Biblioteca Municipal. Com a demolição da igreja o cemitério foi dali retirado e todos os ossos foram exumados e colocados no ossário do novo cemitério central.

MATRIZ VELHA

As pessoas mais ricas ou influentes eram enterradas na própria igreja geralmente em hábitos religiosos, como foi o caso da esposa do presidente da Câmara Municipal dona Ana Claudina Diniz Junqueira ( em 1/5/1864 ) e do próprio fundador da cidade Simão da Silva Teixeira ( em 4/10/1849 ).

Quando da demolição da igreja alguns corpos foram exumados. O corpo de Simão da Silva até hoje está insepulto ( na exumação só havia tíbias e crânio ); o de dona Ana Junqueira foi reclamado pela família e os demais, pelo que pesquisamos, foram levados para o cemitério do centro da cidade e ali enterrados.

Foto retirada do quadro pintado por Chafik Felipe e pertencente ao acervo da Fundação Cultural Simonense. Retrata a igreja matriz ( velha ) de São Simão Apóstolo, igreja esta que ficava próximo a esquina da atual rua Campos Salles c/ Bandeira Vilela.

CEMITÉRIO DE SANTOS DUMONT

Santos Dumont era um entroncamento ferroviário próximo à São Simão e que pertencia a esta administração onde moravam aproximadamente 20 famílias de ferroviários nas décadas de 1.950/60. Hoje a maior parte das casas foram demolidas.

Sabe-se, por comentários de antigos ferroviários, que os primeiros que ali moraram no século XIX sepultavam seus mortos num lugar onde hoje está um cruzeiro.

Chegaram a sepultar alguns corpos atrás da igreja daquela localidade.

Posteriormente ( já no século XX ) os sepultamentos ocorriam em São Simão ou Santa Rosa de Viterbo sendo o corpo levado em trens de passageiros para estas duas localidades.

CEMITÉRIO DOS BEXIGUENTOS

Durante a epidemia de varíola ocorrida no século XIX, havia necessidade de enterrar os corpos. Não se sabia como a doença era transmitida e por isso, na dúvida, os mortos não deveriam ser inumados no cemitério da cidade ( o antigo que ficava onde é hoje a biblioteca municipal ) para evitar contaminação.

O ex-escravo "Nhô" foi pegando os corpos diariamente e levando-os para fora da vila ( hoje zona urbana ), numa região de serrado conhecida por "Mombuca" ( seria hoje próxima ao Lar Vicentino ). Ali ele fez valas comuns e foi enterrando os mortos que ia encontrando.

Oficialmente foram enterradas 39 pessoas ( segundo o livro do Tombo da igreja ), todavia sabe-se que a quantidade de vítimas colocadas nas valas comuns foi maior..

Finda a epidemia, ao redor das valas comuns foi colocada uma cerca feita com madeira, sendo que o cemitério provavelmente não recebia muitas visitas já que os túmulos eram valas comuns e talvez pelo medo da contaminação. Nhô morreu, a cerca caiu, as valas desapareceram no meio da mata de serrado e só se soube da localização do cemitério porque os antigos moradores apontavam o local e principalmente porque uma das vítimas era pessoa de posses sendo que a família não permitiu que o morto ( Sr. José Sant'Anna, falecido em decorrência da varíola em 20/08/1890 ) fosse inumado em vala comum tendo sido construído um túmulo-capela para o mesmo, túmulo este que resistiu até recentemente.

Juntando todos estes fatos e após análise de documentação em livros antigos feita por três historiadores simonenses, a conclusão unânime foi que o cemitério dos bexiguentos estava onde foi construído o túmulo do Sr. José Sant`Anna.

Quadro de Teresinha Portugal - Trata-se do túmulo de José Sant`Anna. A artista pintou o quadro com base em uma foto original que lhe foi mostrada.

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