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CEMITÉRIO CENTRAL O cemitério do centro da cidade fica no alto da rua Campos Salles. Dos que sobraram, é o mais antigo. Em seu muro lateral direito ( do observador que o vê de frente na entrada ) margeando-o à distância de aproximadamente 06 metros, do começo até a metade do cemitério havia muitas e muitas valas com vários ossos ali encontrados. Pelo que se observou eram valas comuns onde se empilhavam cerca de quatro ou cinco corpos em cada buraco.
Nestas valas estavam as primeiras vítimas de febre amarela. Nesta parte o cemitério foi totalmente refeito e boa parte dos ossos foi retirada e novos túmulos construídos por cima. No cemitério central temos os jazigos de vários "coronéis do café". Um deles chegou inclusive a mandar fazer em alto relevo ( no jazigo que seria o seu futuro túmulo ) cenas de sua fazenda na época em que ele viveu.
CEMITÉRIO NOVO Foi feito na zona rural da vila para abrigar as vítimas da febre amarela. Estava situado a aproximadamente 500 metros de uma estação ferroviária da Companhia Mogyana, estação esta que ficava no meio do serrado e cujo nome era Bento Quirino, nome este que ficou para o bairro construído alguns anos depois. Nesta região ninguém vivia e assim sendo, não havia o perigo de espalhar a doença segundo o pensamento da época. Os corpos eram levados da vila de São Simão para aquele distante local de carroça e não de trem ( face ao "pseudo" perigo do contágio ).
Posteriormente, para facilitar os enterros e mesmo porque nas primeiras epidemias não existia um hospital, as vítimas eram tratadas em barracões nos fundos do cemitério e assim que morriam eram colocadas imediatamente nas valas. Após a última epidemia de febre amarela, foram levantados os muros para separar os túmulos dos campos vizinhos, todavia há quem diga que algumas valas acabaram ficando para o lado de fora do que seria o cemitério, notadamente as valas que estavam nos fundos onde depois passou a Estrada de Ferro São Simão.
A alguns anos atrás em uma exumação,
descobriu-se vários corpos em uma única vala, todavia
isto foi uma exceção à regra eis que todos que
morriam eram sepultados separadamente fincado-se na terra uma chapa
de ferro com um número pintado, número este que era marcado
em livros ( que estão preservados até hoje ). Detalhe:
As chapas enferrujaram e a pintura desapareceu só podendo ser
identificado aqueles em que os familiares construíram túmulos
ou que colocaram chapas com numeração fundida em alto
relevo ( e não pintada ).
Atualmente o cemitério está sofrendo uma modificação eis que novos túmulos estão sendo construídos sobre os corpos inumados de vítimas da febre amarela. As chapas e cruzes paulatinamente já a alguns anos estão sendo arrancadas para dar lugar a novas carneiras. Às vezes, quando vai ser feito um novo túmulo encontram ossos das antigas vítimas que ali estão sepultadas, outras vezes encontram-se apenas o pó dos ossos formando o desenho do antigo esqueleto, outras vezes nada mais é visto. De qualquer modo, os túmulos novos estão sendo feitos sobre os restos de corpos inumados. Com o passar dos anos as fotos que aqui mostram onde estão sepultadas as vítimas da febre amarela serão a única coisa que indicará como era o lugar onde tanta gente foi enterrada. Naquele tempo, ainda que fossem três palavras ( ex: ORAE POR ELLA ) os túmulos traziam alguma coisa escrita, ou seja, havia sempre um epitáfio. Leia abaixo dois epitáfios deste cemitério, epitáfio estes de dois túmulos que estão se deteriorando com a ação do tempo. Antigamente usava-se escrever alguma coisa no túmulo do ente querido que havia morrido. É o que chamamos "EPITÁFIO". Nesta época, adentrar ao campo santo exigia respeito e em dia de "finados" só se usava a cor preta. Conforme os túmulos são muito antigos, a tendência para as próximas décadas é não mais conseguir ver, por exemplo, o epitáfio do túmulo ( cujo mármore está em caráter precaríssimo ) de Benedicto Euclides Landim , um jovem professor que faleceu aos 29 anos de idade vítima de uma pneumonia que atacou-lhe seu pulmão direito. Naquela época qualquer tipo de pneumonia era fatal. Este epitáfio foi colocado um dia após a morte do professor ocorrida em 07/12/1914. Vejamos seus dizeres:
Um outro epitáfio foi colocado pelo marido de Guilhermina Mallet, falecida em plena epidemia de febre amarela. Porém nesta época as autoridades escondiam a doença e por isso, a causa mortis de Guilhermina fora declinada como sendo um embaraço gástrico febril. De qualquer forma, seu marido dedicou-lhe as seguintes palavras no dia 21 de setembro de 1.902:
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