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Curiosidade

Benedito Geraldo, conhecido por "Nhô" era um escravo que fora alforriado. Não se sabe se o fora em virtude de seu trabalho como voluntário durante a epidemia de varíola ou se tal fato ocorrera antes.


Foto 1 - Benedito Geraldo, mais conhecido na época como Nhô

Sabe-se que Nhô tinha outros irmãos sendo que sua família fora toda separada em virtude de terem sido vendidos para senhores diferentes. Aliás, Nhô teve provavelmente 4 donos diferentes pois por 4 vezes foi usado como moeda para pagamento de dívida de jogo.

Seu último dono foi quem o alforriou. Não se sabe se Nhô comprou sua alforria com algum dinheiro que conseguiu ganhar ou se foi por bondade de seu senhor.

Certa vez Nhô contou aos mais antigos moradores da cidade ( ele morreu em 1.945 com mais de 100 anos de idade ), sobre sua vida e seu trabalho como "voluntário" durante as epidemias de São Simão. Disse que uma vez estava recolhendo cadáveres vítimas da peste. Pegou cinco corpos e os colocou em sua carroça para levá-los ao cemitério ( cemitério dos bexiguentos ).

Ali chegando, abriu a cova e jogou os corpos na vala comum mas só contou quatro. Achando estranho. remexeu-os na vala e realmente contou quatro. Chegou à conclusão que tinha pego um moribundo - por engano - para enterrá-lo. Durante a viagem de carroça, o moribundo certamente conseguiu se levantar e saiu andando sem que Nhô, que conduzia o cavalo na frente, o tivesse visto para pedir-lhe desculpas.

Na época da peste certamente o moribundo não teria para quem reclamar pois não havia hospital, não se tinha conhecimentos sobre a doença com a conseqüente forma eficaz de tratamento e ninguém o atenderia, mesmo porque o único "louco" de toda a vila que aceitou recolher os corpos foi Nhô, verdadeiro benfeitor de São Simão que ainda trabalharia como voluntário durante as três graves epidemias de febre amarela da cidade. Enquanto muitos fugiram ( inclusive administradores ), Benedito Geraldo aqui esteve como homem de bem e de espírito verdadeiramente filantrópico a quem nossa cidade muito deve.

Fonte: Fundação Cultural Simonense

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foto 1 - retirada da Revista da Soc Brasileira Med. Tropical n.o 29/99